A Copa do Mundo da Rússia dá seu pontapé inicial no dia 14/6, em confronto entre o país sede e a Arábia Saudita, disputado no Estádio Lujniki, em Moscou. A 20ª edição da maior competição do esporte será com o mesmo regulamento das anteriores, com 32 seleções divididas em oito grupos, contendo quatro seleções em cada. Entre esses, está o Grupo D, formado por Argentina, Croácia, Islândia e Nigéria, e é considerado por muitos o grupo mais difícil da Copa, ou então, o "Grupo da Morte", como alguns preferem chamar.

Tendo os hermanos apontados como favoritos, as seleções reúnem 26 participações no torneio, sendo essas, nenhuma delas da seleção islandesa, uma das estreantes do espetáculo. Porém os pré-julgamentos não valeram no período de classificação para o torneio, quando as equipes passaram por momentos completamente inimagináveis em 2014, na última edição da Copa, e no início das competições eliminatórias, em 2016. Isso valeu principalmente para as duas seleções citadas anteriormente, já que Argentina e Islândia, respectivamente, foram de vice-campeãs e despretensiosa, a passar por alto risco de não-classificação e participação histórica.

Neste grupo, há duas curiosidades: nas eliminatórias europeias da Copa, Islândia e Croácia caíram no mesmo grupo, o H. No confronto direto, uma vitória para cada lado. Na classificação geral, os islandeses levaram a melhor e se classificaram em primeiro lugar, enquanto os croatas ficaram na segunda colocação e foram à repescagem, onde bateram a Grécia e carimbaram o passaporte rumo à Rússia.

Além disso, Argentina e Nigéria caem no mesmo grupo pela terceira Copa consecutiva. Em 2010, as duas se enfrentaram no Grupo B, na África do Sul. Na ocasião, a seleção sul-americana se classificou em primeiro lugar, enquanto os africanos ficaram em último e foram eliminados. No Brasil, ambas equipes se classificaram no Grupo F: Messi e companhia ficaram em primeiro, enquanto as Super Águias terminaram em segundo lugar.

Apenas a Nigéria não sofreu grandes emoções no caminho à terra russa. Nas eliminatórias africanas, garantiu sua classificação com uma rodada de antecedência e confirmou presença em sua sexta Copa na história.

A fim de passar todos os detalhes sobre cada integrante do torneio, a VAVEL Brasil organizou um Guia sobre a Copa do Mundo. Neste, o portal fala sobre as equipes do Grupo D, que se enfrentarão a partir do dia 16/6, nas cidades de Spartak e Kaliningrado. Veja abaixo:

Argentina

Foto: Hector Vivas/Getty Images
ddFoto: Hector Vivas/Getty Images

A tradicional seleção argentina chegou à sua 16ª participação no torneio após passar por muita desconfiança e sufoco. Depois de chegar no segundo lugar no Mundial do Brasil, a equipe liderada por Lionel Messi e estrelada por craques como Dí Maria, Dybala e Higuaín passou por "poucas e boas" no período entre as Copas e por pouco não conseguiu visto para sua passagem à Rússia.

Sem conquistar um título desde 1993, a pressão aumentou com o vice-campeonato para a Alemanha em 2014, porém, foi à tona nos dois anos seguintes. Em 2015 e 2016, a Argentina teve a oportunidade de chegar à duas finais de Copa América, entre elas uma comemorativa pelos 100 anos da competição. Nas duas ocasiões, perdeu o troféu para a seleção do Chile e amargou três vices em três anos consecutivos. 

E para quem achava que o cenário não poderia piorar, se enganou: vieram, então, as Eliminatórias Sul-Americanas da Copa. Durante o torneio classificatório, a seleção contou com três treinadores, foram eles: Alejandro Sabella, Edgardo Bauza e Jorge Sampaoli. O último conduziu a equipe por fortes emoções: dos 18 jogos da competição, os hermanos venceram sete e chegaram à penúltima rodada fora da zona de classificação ao Mundial, porém, na última rodada, graças à combinações de resultados, a seleção argentina carimbou seu passaporte ao país russo.

Foto: Franklin Jacome/Getty Images
Foto: Franklin Jacome/Getty Images

Na convocação de Sampaoli, também não faltou polêmica. Desde suas primeiras listas, o treinador vem deixando renomados nomes de fora, como Higuaín, Tevez, Dybala e Icardi, enquanto se viu jogadores de menos reconhecimento a nivel internacional, como Papu Gomez e Benedetto. Para a lista final, havia a possibilidade dos dois últimos craques citados não estarem presentes. Dybala foi convocado, porém, Icardi, um dos principais artilheiros da Europa, não teve a mesma sorte e sobraram críticas para o técnico. 

Com duas estrelas acima de seu emblema, a Argentina chega à Copa determinada a conquistar seu terceiro título e encerrar jejum de 25 anos sem levantar troféus. Favorita no grupo, a seleção deposita suas esperanças em Lionel Messi, melhor jogador do mundo por cinco vezes e que teve um tanto de heroísmo na última edição da competição, quando decidiu jogos importantes no decorrer do campeonato e foi eleito o melhor jogador da competição.

Além disso, Messi luta para encerrar as comparações com craques do passado que venceram a Copa do Mundo e tratam o troféu como diferencial em relação ao argentino. Um deles é Diego Armando Maradona, maior ídolo da seleção azul e branca e que é comparado a todo tempo com o craque atual, já que liderou a Argentina na conquista de dois Mundiais.

Polêmicas e comparações extra-campo à parte, a Argentina é uma das favoritas ao título na Rússia e é esperado que a seleção, ao menos, figure entre os finalistas da competição. Além disso, é garantido que os jogadores contarão com o apoio da "Banda Loca", que são os fãs argentinos, conhecidos pela forma de torcer e o amor incondicional. A campanha dos hermanos se inicia contra a Islândia, no dia 16/6, em Moscou, às 10h.

Croácia

Foto: Angelos Tzortzinis/Getty Images
Foto: Angelos Tzortzinis/Getty Images

Eliminada na fase de grupos no Mundial do Brasil, quando ficou em terceiro lugar, atrás do país sede e do México, os croatas chegam a 2018 visando melhorar sua última imagem e prometem dar trabalho na competição. Inspirados no ídolo Davor Suker, a Croácia chega à sua quinta aparição com o sonho de igualar sua primeira campanha, de 1998, quando chegou às semifinais e ganhou o terceiro lugar como consolo.

Mesmo contando com jogadores no auge de suas carreiras, como o caso de Luka Modric, Mario Mandzukic e Ivan Rakitic, a Croácia passou por dificuldades durante o ciclo da Copa do Mundo. Na Euro, sua participação foi encerrada logo nas oitavas de final, ao enfrentar Portugal, de Cristiano Ronaldo. Nas Eliminatórias, o sorteio não ajudou e caiu em concorrido grupo. No decorrer do torneio, conseguiu bater grande parte de seus adversários, porém, não chegou à frente da Islândia, novamente rival na Copa, e terminou em segundo lugar. Então, foi movida à Repescagem para tentar carimbar o passaporte russo e passou com autoridade: placar de 5 a 1 no agregado contra a Grécia e a classificação garantida ao Mundial.

A equipe de Zlatko Dalić é composta por boas peças, mas ainda não mostra entrosamento no coletivo. Além dos jogadores citados acima, Mateo Kovacic, Ivan Perisic e Dejan Lovren são jogadores de chamar atenção dos adversários e capazes de oferecerem perigo. Último citado, o zagueiro passa por desconfiança dos torcedores, porém, teve rendimento acima do esperado na última temporada no Liverpool, onde foi finalista da Champions League, e a esperança é de que não comprometa. Perisic costuma ser agressivo nas jogadas pelos lados do campo e pode ser uma boa arma na individualidade, enquanto Kovacic tem jogado mais recuado no Real Madrid e entra regularmente na equipe.

Foto: Louisa Gouliamaki/Getty Images
Foto: Louisa Gouliamaki/Getty Images

Entre os torcedores, fica o temor pelo histórico de cânticos racistas e a esperança de que não se repitam durante a Copa do Mundo e, se possível, para sempre. Fãs assíduos do esporte, os croatas já foram punidos por meio de perdas de pontos e jogos sem torcida por conta de episódios preconceituosos de seus apoiadores. Vale lembrar que a Fifa reprova constantemente as atitudes e são esperadas medidas drásticas de prevenção e punição durante a competição contra gestos negativos, já que conta-se com alto grau de tecnologia para identificar os autores. A estreia da Croácia será contra a Nigéria, em Kaliningrado, no dia 16/6, ás 16h.

Islândia

Foto: Dan Mullan/Getty Images
Foto: Dan Mullan/Getty Images

A sensação da Eurocopa 2016 chega à disputa de sua primeira Copa do Mundo na história, e a certeza é de que não faltará simpatia e torcida por ela. Com cerca de 335 mil habitantes, a ilha europeia ganhou o carisma dos torcedores franceses e de outras nações na competição continental dois anos atrás por conta de sua torcida vibrante e seu guerreiro time, que chegou à fase de quartas de final, eliminando equipes como a Inglaterra, terminando a fase de grupos à frente de Portugal, campeã da competição, e sendo eliminada pelo time da casa.

Em seguida, veio as Eliminatórias da Europa, quando caiu no grupo I, ao lado de equipes como Croácia, Turquia e Ucrânia. Novamente empurrados por seus fãs e com belas atuações, passou por cima de seus fortes adversários e terminou a chave em primeiro lugar no grupo, garantindo a classificação direta para o Mundial, pela primeira vez em sua história. 

Uma celebração que devemos ver constantemente na Rússia deverá ser um movimento sincronizado entre palmas e gritos na torcida islandesa. A comemoração virou febre na Euro, se repetiu nas Eliminatórias e deve voltar a ser vista na Copa. Desta vez, talvez não importe o resultado, mas a certeza é de que animação não faltará entre o povo enraizado viking. Inclusive, segundo o jornal Sport, 60 mil cidadãos do país solicitaram ingressos para assistir a seleção nacional na Rússia, totalizando 20% da população local.

Foto: Catherine Ivill/Getty Images
Foto: Catherine Ivill/Getty Images

Por mais que a equipe tenha se destacado nas competições anteriores pela qualidade coletiva, há bons talentos individuais. O principal deles é Gylfi Sigurdsson, meia do Everton, da Inglaterra. Desde 2010 na seleção, o camisa 10 participou de 55 jogos e marcou 18 gols. Nas eliminatórias, participou de todas as partidas e praticou o mesmo número de gols e assistências: quatro. Além dele, chamam atenção o atacante Albert Gudmundsson (PSV-HOL) e o capitão da equipe, Aron Gunnarsson.

A primeira partida da Islândia em sua história na Copa do Mundo será contra a Argentina, no dia 16/6, em Moscou, às 10h.

Nigéria

Foto: PIUS UTOMI EKPEI/Getty Images
Foto: PIUS UTOMI EKPEI/Getty Images

Em geral, as equipes africanas costumam dar trabalho em Copas do Mundo. Por sua vez, a Nigéria vem se destacando regularmente na competição e chega à sexta aparição no Mundial, tendo sua estreia feita em 1994. Desde lá, apenas não esteve presente em 2006. Na edição do torneio disputada no Brasil, a equipe dividiu grupo com Argentina - a qual novamente faz parte de seu chaveamento -, Bósnia e Herzegovina e Irã. Ao final, somou apenas quatro pontos, mas garantiu sua classificação às oitavas de final.

A seleção nigeriana sempre é uma adversária indigesta nas competições, porém, na Copa, o maximo voo completado foi à fase inicial do mata-mata. Este ano, a equipe visa melhorar seu retrospecto e chegar pela primeira vez nas quartas de final, ao menos. 

Nas Eliminatórias Africanas, a Nigéria caiu no especulado "grupo da morte", assim como classificam seu grupo na Copa do Mundo deste ano. Ao lado de Camarões, Argélia e Zâmbia, as Super Águias - como são chamados - passaram por seus concorrentes sem dificuldades e garantiram a classificação com uma rodada de antecedência.

Foto: PIUS UTOMI EKPEI/Getty Images
Foto: PIUS UTOMI EKPEI/Getty Images

A equipe do treinador Gernot Rohr conta com força maior do meio-campo para a frente do time. Entre nomes experientes, como Obi Mikel, Ahmed Musa e Victor Moses, e jovens talentos, como Kelechi Iheanacho e Alex Iwobi, a seleção nigeriana promete incomodar as zagas adversárias com forte movimentação e alta expectativa no número de gols.

Mesmo com sua nova participação e o destaque de jogadores com qualidade, a grande sensação da Nigéria até aqui foi seu uniforme reserva, o qual contou com três milhões de pedidos, antes mesmo da liberação para venda no site. A camisa faz referência ao exército nigeriano, já que os jogadores são chamados de "Soldados Verdes". Independente do uniforme utilizado, os torcedores nigerianos irão assistir seus representantes na Copa do Mundo a partir do dia 16/6, quando a equipe enfrena a Croácia, em Kaliningrado, às 16h.

Análise do grupo

A Argentina, cercada de sua tradição na competição e a qualidade de seu elenco, é tratada como a favorita para encerrar a fase de grupos em primeiro lugar. Sendo assim, restaria apenas uma vaga para as três equipes restantes. Seguindo a mesma linha de raciocínio, por contar com mais craques, a Croácia é a esperada para fechar a lista de classificados do Grupo D. Porém não se pode confirmar nada antes de uma competição de futebol, ainda mais na maior delas, a Copa do Mundo. Com a Islândia batendo gigantes durante o ciclo do Mundial e a Nigéria tendo em seu currículo o costume de incomodar grandes adversários, a promessa é que este grupo seja um dos mais concorridos do torneio, e a expectativa é que tenha-se surpresas ao fim da primeira fase.