O 35º título rubro-negro do Campeonato Carioca, conquistado neste domingo (21), com a vitória por 2 a 0 (4 a 0 no placar agregado) sobre o Vasco, coroa a grande campanha feita pelo Flamengo nesta edição do Estadual. Mesmo não chegando à final da Taça Guanabara, a equipe conquistou uma série de resultados expressivos durante a competição, com 11 vitórias, 5 empates e apenas 1 derrota.

Com um time recheado de craques e mais reforços chegando, o rubro-negro era visto como protagonista do campeonato e provou sua superioridade ao longo da competição. A equipe comandada por Abel Braga, além de conquistar a Taça Rio, foi responsável por 33 gols em 17 jogos, sendo assim, consagrando-se como melhor ataque.

Mas a campanha foi longa e composta por momentos marcantes, como a apresentação de Gabigol e Arrascaeta, logo na primeira rodada do Cariocão. A partida contra o Bangu foi marcada por pênaltis, expulsão e erros de arbitragem. Depois de ver o time alvirrubro abrir o placar, o Flamengo foi atrás do prejuízo e empatou a partida com Diego, de pênalti. Rhodolfo foi o responsável pela virada rubro-negra, raspando de cabeça. O Mais Querido ainda teve a chance de aumentar o placar, mas Diego, novamente batendo pênalti, parou nas mãos de Jefferson.

(Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)
(Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

A segunda partida do Grupo C reservou o primeiro empate para a equipe rubro-negra. Joseph marcou para o Resende, de cabeça, aos 19 do primeiro tempo. Já para o Flamengo, quem marcou foi Henrique Dourado, de bicicleta, um protagonista inesperado numa noite de estreia de Gabigol e Arrascaeta. Aquele foi o penúltimo gol do Ceifador pelo clube. Semanas depois, o atacante foi vendido ao Henan Jianye, da China.

O primeiro clássico do rubro-negro no Campeonato Carioca foi contra o Botafogo. Num Nilton Santos quase vazio, com 5.314 pagantes (6.262 presentes), a equipe alvinegra abriu o placar com João Paulo, desviando chute de Jean. A postura ultradefensiva do time chefiado por Zé Ricardo acabou chamando o Mais Querido ainda mais para o ataque. Gabigol ainda marcou, no entanto, seu gol foi erroneamente anulado pela arbitragem. Só no segundo tempo, com a entrada de Bruno Henrique, o roteiro do jogo mudou. Estreando com a camisa do Urubu, Bruno Henrique marcou duas vezes (ambas de cabeça) e decidiu a partida. Dois gols que, em breve, significariam uma marca histórica do atacante no clube.

As últimas duas rodadas da Taça Guanabara foram as mais simples para o Flamengo. Jogando com time misto diante do Boavista, vitória por 3 a 1. Uribe, Henrique Dourado e Rodrigo Caio construíram o placar, numa partida que abrigou mais de 34 mil torcedores no Maracanã. Já sobre a Cabofriense, goleada. Willian Arão, Diego (num golaço de bicicleta), Bruno Henrique e De Arrascaeta foram os autores do chocolate rubro-negro que levou quase 50 mil flamenguistas para o Maraca.

A semifinal contra o Fluminense foi um misto de lágrimas e homenagens. Primeira partida do elenco de Abel Braga depois do incêndio que vitimou dez jovens da base rubro-negra, o Maracanã esteve repleto de balões brancos na arquibancada, além de vídeo especial e torcedores cantando em homenagem aos Garotos do Ninho. Dentro de campo, a narrativa que parecia se direcionar para um empate entre as equipes terminou aos 47 minutos, com gol de Luciano, para o tricolor. Fim da Taça Guanabara para o Flamengo.

Na Taça Rio, a história foi outra. Duas grandes vitórias sobre Americano e Portuguesa/RJ deram início ao segundo turno do campeonato. Gabigol, que havia passado em branco pela Taça Guanabara, desencantou. Na primeira partida, marcou seu primeiro gol, com assistência do também novato, Arrascaeta. Vitinho (duas vezes) e Diego completaram o placar para o rubro-negro. Espinho, pelo Americano, descontou. 4 a 1 e liderança do grupo garantida. Já na segunda partida, Gabigol deixou sua estrela brilhar e marcou duas vezes. Bruno Henrique, cada vez mais artilheiro, também deixou o dele. O meia PK marcou a favor da Lusa. 3 a 1 e Flamengo embalado.

No primeiro Flamengo e Vasco do ano, o lado rubro-negro estava lotado de reservas. Vindo de um confronto na altitude e tendo outra partida importante para a Libertadores no meio de semana, Abel Braga chegou até a improvisar volante como zagueiro. Mas o clássico não deixou de ter os elementos necessários para um grande jogo: muitas chances, tensão, reviravoltas e polêmica no fim. Cruz-maltino e rubro-Negro empataram por 1 a 1 no Maracanã pela terceira rodada da Taça Rio, em jogo que contou com muita reclamação do lado flamenguista após o apito final. Arrascaeta abriu o placar para o time de Abel Braga, mas Maxi López, de pênalti, empatou aos 50 do segundo tempo.

No jogo seguinte, mais um empate. Dessa vez contra o Volta Redonda. O placar não se mexeu naquela noite de sábado no Maracanã, e a arbitragem tem participação nesse fato. Hugo Moura, em posição legal, marcou no finalzinho, aos 46 do segundo tempo, mas a arbitragem invalidou de forma equivocada. Além disso, a equipe rubro-negra ainda teve um pênalti não marcado.

Foi só contra o Madureira, na penúltima rodada da Taça Rio, que o Flamengo reencontrou a vitória. Com Gabigol se destacando e marcando duas vezes, a vitória tranquila da equipe veio junto com a dancinha que viraria moda: Nego Ney. Uma tentativa de passinho somada ao balanço dos ombros, uniu o camisa 9 do time e o garoto Arthur Ferreira da Silva, o Nego Ney, de 7 anos.

Mais uma partida, mais um clássico. O Fla-Flu entre titulares do Flamengo e reservas do Fluminense começou agitado. Com o rubro-negro explorando bastante o desentrosamento tricolor, o placar de 3 a 0 era construído com a esperança de crescer ainda mais para o time da Gávea. Gabigol deixou o seu, assim como Bruno Henrique, que anotou dois gols (vai fazendo a conta aí). Mas o relaxamento da equipe de Abel Braga quase custou caro. Com gols de Dodi e João Pedro, o time das Laranjeiras diminuiu a vantagem e esteve perto de empatar a partida.

O reencontro entre Flamengo e Fluminense não demorou para acontecer. Agora com titulares dos dois lados, a semifinal agitada da Taça Rio ofereceu de tudo um pouco para o torcedor. Com participações do VAR, seja anulando o gol de Léo Santos, pelo Flu, ou marcando o pênalti que terminou no gol de Yony González, o jogo contou ainda com uma expulsão para cada lado — Paulo Henrique Ganso pelo tricolor e Bruno Henrique para o rubro-negro. Mesmo em meio a tanta confusão, o Flamengo venceu o Fluminense por 2 a 1, com gols de Renê, em chutaço de fora da área e Everton Ribeiro, de pênalti. Com o resultado, a noite poderia ser encarada como uma revanche, principalmente se relacionássemos a eliminação rubro-negra nas semis da Taça Guanabara com a agora eliminação tricolor nas semis da Taça Rio. Por fim, o Flamengo teria pela frente o rival cruz-maltino na decisão do segundo turno do Campeonato Carioca

A final da Taça Rio foi pura emoção até o último minuto. Seguindo o ditado “o jogo só acaba quando termina”, o Flamengo, aos 48 do segundo tempo, empatou a partida. Arrascaeta, de cabeça, deixou tudo igual e levou a partida para os pênaltis. Num primeiro tempo apagado, quase sem chances para os dois lados, o rubro-negro, mesmo com time reserva, foi mais agressivo, com Vitinho. Logo no início do segundo, Tiago Reis abriu o placar para o cruz-maltino, que abdicou do ataque em seguida, pensando em manter o placar. Mas o uruguaio Arrascaeta, acostumado a ser protagonista em jogos grandes, não deixou que o jogo acabasse para o Fla nos 90 minutos. Nos pênaltis, Fernando Miguel pegou cobrança de Rodinei, mas César também fez sua parte contra Tiago Reis e contou com erros de Rossi e Werley, que mandaram para fora as chances do Vasco. Flamengo campeão e festa nas arquibancadas do Maracanã.

Com a vitória do Flamengo na final do segundo turno, o regulamento trazia de volta o Fluminense para o Campeonato Carioca. A volta do tricolor só serviu para incrementar a festa rubro-negra. Com a vantagem do empate, o resultado de 1 a 1 foi suficiente para levar a equipe de Abel Braga para a final da competição. Gilberto abriu o placar, pelo Flu, mas o camisa 9, Gabigol, deixou tudo igual.

Então, chegou a hora da grande final. E o Flamengo não decepcionou. Superior durante os 90 minutos, o rubro-negro amassou o Vasco na partida de ida da final do Campeonato Carioca. Num Nilton Santos com pouco mais de dez mil torcedores, o dia 14 de abril ficou marcado na história do clube e de Bruno Henrique, autor dos dois gols do Flamengo sobre o Vasco. O atacante é o primeiro jogador da história a marcar dois gols no mesmo jogo em cada um dos rivais no mesmo ano. O fato não impressiona apenas pela grandeza, mas pelo pouco tempo do camisa 27 no clube — menos de 3 meses. Bruno Henrique ainda poderia ter feito mais, caso a revisão do VAR não tivesse anulado outro gol do atacante, de acordo com o árbitro Rodrigo Nunes de Sá.

Mas foi o suficiente para o time da Gávea entrar com vantagem para a partida de volta. Com o apoio de mais de 40 mil rubro-negros, a segunda partida da final prometia não apenas o título de Campeão Carioca para a equipe de Abel Braga, mas também a manutenção de um recorde de invencibilidade para o Flamengo sobre o rival. Caso não perdesse, o time poderia completar 12 jogos sem sair de campo derrotado pelo cruzmaltino. E conseguiu.

Aos 15 minutos, Arrascaeta levantou a bola na área para Arão cabecear certeiro e abrir o placar para o Flamengo. Em seguida, o time rubro-negro diminuiu o ritmo e assistiu o cruz-maltino tentar o empate. Mas foi só no segundo tempo que as redes voltaram a balançar. Gabigol, em grande jogada, fez um golaço, mas o VAR anulou. O atacante estava impedido ao receber passe açucarado de Arrascaeta. O gol não fez falta. Aos 38 minutos, Vitinho fechou o caixão. Diego tocou na frente, o camisa 11 acelerou e mandou um chutaço, sem chance para Fernando Miguel. Foi uma tarde digna de correr pro abraço, com festa na arquibancada e no campo do Maraca. Clube de Regatas do Flamengo 35 vezes Campeão Carioca.