Jorge Sampaoli deixou o comando do Sevilla no dia 19 de maio de 2017. No momento, a Seleção Argentina passava por momento conturbado após a demissão de Edgardo Bauza, restando quatro rodadas para o fim das Eliminatórias da Copa e fora da zona de classificação à Copa do Mundo.

Ao chegar na Espanha, o treinador era tratado como o surgimento de um novo técnico de renome na Europa, porém, largou o planejamento no clube em aberto e foi em busca do sonho de comandar a seleção de seu país.

Antes de chegar a Europa, Sampaoli havia encerrado seu ciclo com a seleção do Chile, onde formou competitiva equipe que disputou duas Copas do Mundo e venceu duas Copas América, tendo em destaque nomes como Arturo Vidal, Alexis SánchezClaudio Bravo. No país chileno, os torcedores da La Roja o tratam como um dos maiores treinadores que postularam o cargo em sua história.

Sampaoli em sua apresentação ao Sevilla, ao lado de Monchi e do presidente do clube, José Castro. Foto: Cristina Quicler/Getty Images
Sampaoli em sua apresentação ao Sevilla, ao lado de Monchi e do presidente do clube, José Castro. Foto: Cristina Quicler/Getty Images

Então, o característico treinador de comportamento elétrico na beira do campo, marcado pela baixa estatura e a cara de bravo - além de sua calvície -, fez suas malas rumo a Sevilla, com o objetivo de iniciar sua trajetória no cenário europeu e entrar para a lista dos renomados comandantes argentinos no continente, como 'El Loco' Bielsa, Mauricio Pochettino e Diego Simeone.

Com o bom histórico e identificado com o estilo dos sevillistas, Sampaoli foi abraçado pelos torcedores espanhóis e a diretoria do clube, que cedeu créditos ao novo comandante ao dar liberdade na contratação de jogadores. Tendo o trabalho realçado por Monchi, tratado como um dos melhores dirigentes do mundo, ganhou os presentes pedidos, em nomes como Nasri, Ben Yedder, Vietto, Sarabia e o brasileiro Paulo Henrique Ganso. Na maioria dos novos jogadores, se destacavam jovens com potencial para brilhar na Europa e que fizessem incomodar os gigantes espanhóis - Barcelona e Real Madrid - e concorresse com o Atlético de Madrid.

Em meio a atuações marcadas pela disciplina e inovações táticas, o Sevilla de Sampaoli terminou a temporada tendo bons e maus momentos, suficiente para garantir a classificação na edição seguinte da Champions League, mas não para bater os gigantes do país, tendo conseguido a vaga na fase principal da maior competição europeia por meio dos playoffs do torneio. Mesmo com o trabalho irregular em alguns momentos, deixou a impressão de um esperançoso trabalho em andamento na busca de um futuro vitorioso no clube.

Sampaoli em sua apresentação à Seleção Argentina.Foto: Gabriel Rossi/Getty Images
Sampaoli em sua apresentação à Seleção Argentina. Foto: Gabriel Rossi/Getty Images

Na temporada seguinte, no entanto, essa esperança foi travada por um sonho pessoal: a Seleção da Argentina se via a beira da desclassificação para a Copa do Mundo, além de estar sem treinador. Com todos os renomados treinadores hermanos com trabalhos concretizados na Europa, a Federação Argentina viu em Sampaoli o único nome viável para retirar de um clube e levar a albiceleste ao Mundial, já que era um técnico ainda em ascensão no continente europeu e contava com grande desejo do futuro contratado.

Com isso, não demorou muito tempo e Sampaoli já havia sido confirmado como o novo treinador da Argentina. Se deu, então, a expectativa de tempos melhores na seleção sul-americana, levando até como uma das favoritas ao título do Mundial e o fim do longo jejum de 25 anos sem conquista de títulos, antes mesmo de ter seu nome entre as classificadas à Copa.

O corajoso comandante assumiu a difícil meta que talvez poucos - ou nenhum - treinadores encarariam, porém, seguiu sua intuição. Os quatro confrontos restantes em disputa seriam contra Uruguai (fora), Venezuela (dentro), Peru (dentro) e Equador (fora). Embora contasse com a celeste tendo sua classificação encaminhada, os venezuelanos com apenas uma vitória em 15 jogos e os equatorianos em queda de rendimento, a missão não foi nada fácil para os hermanos. E não foi. A Argentina terminou com três empates e uma vitória, tendo sido o resultado positivo contra o Equador, no último jogo, quando Messi decidiu e marcou os três gols da vitória por 3 a 1, dando a vaga à Copa do Mundo.

Treinador abraça o herói da classificação para a Copa do Mundo, Lionel Messi. Foto: Franklin Jacome/Getty Images
Treinador abraça o herói da classificação para a Copa do Mundo, Lionel Messi. Foto: Franklin Jacome/Getty Images

Durante o período, Sampaoli, que era aguardado como o nome para encaixar táticamente a equipe e levar à gloria, não conseguiu alcançar o objetivo. Além disso, encaixe não era a palavra certa para definir a equipe do fim das Eliminatórias, que parecia não haver entrosamento algum entre os jogadores, com seu principal jogador, Messi, responsável por toda a criação do time e sem capacidade de escapar da marcação adversária que se concentrava nele.

Sete meses depois da heroica classificação contra o Equador, o cenário de desorganização é o mesmo. Em plena Copa do Mundo, a equipe da Argentina se encontra em total desespero, necessitando de uma combinação de resultados na última rodada da fase de grupos para se manter na competição. 

Marcado negativamente pelo padrão tático da equipe, Jorge Sampaoli é o principal alvo de críticas pelos torcedores argentinos, tendo seu cargo ameaçado antes mesmo do início do Mundial. No momento, com a péssima campanha apresentada, a presença do treinador na beira do gramado é incerta mesmo com uma suposta classificação às oitavas de final. 

Foto: Jean Catuffe/Getty Images
Sampaoli decide seu futuro e da Argentina contra a Nigéria, nesta terça-feira (26). Foto: Jean Catuffe/Getty Images

Nesta terça-feira (26), a Argentina decide seu futuro na Copa do Mundo contra a Nigéria, às 15h, em São Petersburgo. Ao mesmo tempo, Islândia e Croácia se enfrentam em Rostov. Para a classificação albiceleste, Messi e cia. necessitam vencer os nigerianos, além de torcer para os islandeses não baterem os croatas.

Em caso de vitória da Islândia, a Argentina necessita bater a Nigéria de acordo com o saldo de gols: enquanto os islandeses tem -2, os argentinos se encontram com -3.