Um jogo cercado de expectativas dentro de campo e com polêmicas que afloram conflitos geopolíticos já existentes fora das quatro linhas. A terceira rodada da Copa do Mundo reservou um duelo entre Irã e Estados Unidos que passa a ter um peso muito além do futebol. As duas equipes se enfrentam às 16h, no Estádio Al Thumama, em Doha, nesta terça-feira (29).

Em campo, as duas seleções irão duelar por uma das vagas para a próxima fase. Os iranianos se recuperaram na competição ao vencer o País de Gales por 2 a 0 e assumiram a vice-liderança do grupo B com três. Já os norte-americanos estão logo atrás do próximo adversário, com dois pontos. Na segunda rodada, empataram sem gols contra a Inglaterra, e seguem sem vencer no mundial.

Polêmica da bandeira

Fora dos gramados, as polêmicas começaram no fim de semana. No último sábado (26), o perfil oficial da seleção dos Estados Unidos no twitter postou uma arte com a tabela de classificação da chave removendo da bandeira do Irã o emblema da República Islâmica, o que gerou fortes protestos da Federação Iraniana de Futebol, que acusaram os adversários de violarem os estatutos da Fifa.

O tema foi um dos principais assuntos na última coletiva de imprensa da seleção americana. O treinador Gregg Berhalter tentou se esquivar da polêmica e falar apenas da partida decisiva, mas ressaltou que os jogadores e a comissão técnica não estavam envolvidos na decisão de remover as escritas islâmicas da bandeira. 

O porta-voz da U.S. Soccer, Michael Kammarman, disse que a intenção do post era mostrar apoio ao direito das mulheres. O Irã passa por uma onda de protestos nas últimas semanas em seu país e, durante a Copa do Mundo, não passou despercebido.

Na primeira partida da seleção no mundial, os jogadores não cantaram o hino nacional quando foi executado, o que foi visto como uma forma de protesto dos jogadores. Antes da competição, Sardar Azmoun já havia se manifestado nas redes sociais em favor das manifestações que ocorrem.

Nas arquibancadas, alguns torcedores chegaram a vaiar o hino do Irã, além de mostrarem bandeiras com os dizeres “Mulher, vida e liberdade”.

  • Em 1998, seleções protagonizaram o “jogo da paz”

Esta será apenas a terceira vez que Irã e Estados Unidos se enfrentam, e a segunda que se encontram em uma Copa do Mundo. O primeiro encontro aconteceu na França, em jogo válido pela segunda rodada do grupo F, que dividiam junto com Alemanha e Iugoslávia.

O jogo valia muito mais do que a chance de seguir sonhando com a classificação que, no fim, não aconteceu para nenhuma das duas equipes. A imprensa americana acreditava na época que a partida poderia ter um papel de restabelecer as relações entre os dois países, que haviam rompido diplomaticamente há alguns anos.

Antes da partida, as duas equipes posaram para a foto juntas, e os iranianos ofereceram um ramo de flores para os jogadores americanos. Nos 90 minutos, o Irã venceu por 2 a 1, em um jogo que também foi marcado por protestos de torcedores presentes contra o governo da época. 

  • Irã terá ausência no meio de campo

Na vitória contra o País de Gales, o técnico Carlos Queiroz apostou em uma formação diferente da equipe que atuou contra a Inglaterra. Abrindo mão da linha de cinco defensores, o time iraniano teve uma postura mais ofensiva que foi recompensada com os três pontos.

A expectativa é a de que o treinador português opte pela formação da última partida. Porém, Queiroz não poderá contar com Jahanbakhsh, suspenso pelo segundo cartão amarelo. O experiente meia foi titular no jogo de estreia do Irã e no segundo, mas entrou ao longo da segunda etapa

Com isso, a escalação dos 11 iniciais pode ser a mesma que entrou em campo na última sexta-feira (25). O técnico Carlos Queiroz analisou o adversário e falou da importância da partida.

“Os EUA são a seleção com as melhores performances no grupo. Eles jogaram muito bem no primeiro e no segundo jogos, os outros times não foram tão consistentes, inclusive o nosso. Sabemos das dificuldades. É um time muito bom, organizado, com o mesmo sonho. Eu espero que amanhã possamos colocar nosso limite, nossa alma, nossas habilidades para que a gente consiga a classificação”.

Provável escalação: Hossein Hosseini; Ramin Rezaeian, Majid Hosseini, Morteza Pouraliganji, Milad Mohammadi; Ahmad Nourollahi, Saeid Ezatolahi, Ehsan Hajsafi; Ali Gholizadeh, Mehdi Taremi e Sardar Azmoun.

  • Estados Unidos não deve ter alterações na escalação

Nas duas primeiras partidas dos americanos, houve apenas uma mudança na formação inicial, com a saída de Sargent para a entrada de Wright em seu lugar. Todos os demais jogadores seguiram como titulares nos jogos contra Gales e Inglaterra, e a tendência é do técnico Gregg Berhalter manter a base titular.

A principal dúvida segue sobre quem jogará no ataque ao lado de Timothy Weah, autor do único gol da seleção até aqui na competição. Sargent e Wright são apontados como as principais opções. 

Sobre o confronto, o capitão Tyler Adams elogiou a equipe do Irã e previu dificuldades contra o próximo adversário.

“Vimos o quanto eles competiram (contra Gales). Os iranianos batalharam e foram muito bem, vai ser um jogo muito competitivo, temos que estar 100% focados. Precisamos marcar mais gols e somar mais pontos. Inglaterra é um grande time e podemos tirar confiança desse jogo, mas será muito difícil contra o Irã”.

Provável escalação: Matt Turner; Sergino Dest, Walker Zimmerman, Tim Ream, Antonee Robinson; Tyler Adams, Yunus Musah, Weston McKennie; Christian Pulisic, Josh Sargent (Haji Wright), Timothy Weah.

  • Arbitragem

Árbitro: Antonio Mateu (Espanha);

Assistente 1: Pau Cebrian (Espanha);

Assistente 2: Roberto Diaz (Espanha);

Quarto Árbitro: Kevin Ortega (Peru);

VAR: Juan Martinez (Espanha).